Caros professores,
Em 15 de outubro de 1827 era outorgado, por Dom Pedro I, decreto imperial que tratava da primeira Lei Geral relativa ao Ensino Elementar; tal lei dizia respeito a assuntos variados, entre eles descentralização do ensino, remuneração dos professores e mestres, ensino mútuo, currículo mínimo, admissão de professores e escolas das meninas. Anos mais tarde, num Brasil republicano, projeto de Lei de autoria do deputado paulista Antonio Carlos de Salles Filho, no mandato 1947/51, instituía o dia 15 de outubro como data comemorativa em homenagem aos professores em território paulista. Mais tarde, como Deputado Federal, conseguiria, no mandato 1955/59, aprovação do mesmo projeto, então em abrangência nacional.
Para cumprimentá-los e homenageá-los neste 15 de outubro, queria, primeiramente, agradecer-lhes pelo trabalho que realizam nas escolas do SESI e do SENAI. E dizer-lhes do significado de seu trabalho na vida dos alunos. Uma escola sem professores seria o mesmo que um moinho d’água sem a água que o alimenta.
Para expressar meus sentimentos à altura que merecem, fui eu fazer minha lição de casa, em busca de ideias sobre professores que, além de ensinar, inspiram seus alunos. Como eu, imagino que cada um de vocês guarda na memória a lembrança de um grande mestre e, se nos perguntarmos por que essa figura continua ainda lá conosco, após tantos anos, descobriremos razões as mais diversas. Talvez nem nos lembremos mais o que ensinavam, porém, a maneira como o faziam ficou lá, marcada em algum lugar de nosso ser. Aliás, de maneira simples, professor é aquele que ensina. A palavra ensinar vem do latim ensigno, que, literalmente, quer dizer colocar signo dentro, colocar valores dentro de. É de vocês, em grande medida, a responsabilidade de participar da formação dos homens e dos cidadãos que hão de construir um novo mundo, um mundo pelo qual todos nós ansiamos.
Bons professores ensinam a andar; os inesquecíveis mostram a multiplicidade dos caminhos que formam a vida, deixando em seus alunos vontade de caminhar para sempre, por caminhos já trilhados, por caminhos a serem ainda descobertos, a encontrarem e abrirem os seus próprios, a pensarem com suas próprias cabeças. Bons professores deixam o palco para que seus alunos brilhem, alimentam-se do sucesso de cada um deles, da satisfação do dever cumprido.
São vocês os responsáveis pela transformação que ocorre em nossos alunos e são vocês, mais do que ninguém, que a enxergam, quando eles vão embora da escola, formados!
Na minha lição de casa aproveitei para rever alguns filmes que contam estórias sobre professores. Encontrei Mr. Holland, o adorável professor de música que, desesperado, sem saber como fazer a garota tocar bem a clarineta, pergunta-lhe do que mais gostava quando se olhava no espelho. Responde ela seus cabelos, pois seu pai lhe dizia que eles sempre lembravam o pôr do sol. Mr. Holland lhe diz simplesmente: Toque o pôr do sol. Como por encanto, o som sai de seu instrumento melodioso e pleno de harmonia.
Minha lição sessão de cinema continuou com “Ao Mestre com Carinho”, inesquecível, com “Sociedade dos Poetas Mortos”, magnífico, passando pelo “Clube do Imperador”, por “O Despertar de Rita” e por “Mentes Perigosas”. Neste último, a professora vivida por Michele Pfeifer propõe aos alunos um concurso chamado “Dylan – Dylan”, desafiando-os a descobrir semelhanças entre poesias de Dylan Thomas e letras das músicas de Bob Dylan. Desafiando-os a descobrir a beleza inerente à poesia. Terminei minha sessão da tarde rememorando as lições de vida do mestre Yoda, de Star Wars. Aprender a ser.
Do cinema, me levei para os livros, nos quais encontrei, entre outros, relatos da Professora Maria Eugênia Castanho, que coleciona depoimentos de professores sobre lembranças de seus professores. “A literatura educacional apresenta muitos trabalhos sobre o professor, sobre as características que o tornam uma presença importante na vida e na memória de seus alunos”. Para ela, os mestres inesquecíveis são descritos como aqueles que "amavam o que faziam”, que "valorizavam o aluno", que “sabiam explicar muito bem a matéria", que "motivavam as aulas", que eram "seres humanos ímpares".
Pedro Demo me lembrou que “cuidar da aprendizagem traduz, ademais, a integralidade do processo de aprendizagem, que nunca se reduz ao aspecto racional-lógico. Está em jogo a formação da personalidade humana como um todo”. Vejam a extensão de nossa responsabilidade!
Minha lição de casa não poderia terminar sem que eu mencionasse a alegria, emoção muitas vezes, que me tomam quando visito uma unidade do SESI, quando percorro caminhos de oficinas do SENAI. Lá, crianças, em pleno desenvolvimento; nessas, jovens e adultos aprendendo uma profissão que os conduzirá pela vida afora. E em todos espaços, vocês, professores, fazendo o moinho girar!
Não sou ingênuo. Sei na pele as adversidades encontradas no desempenho da profissão por vocês abraçada. Por favor, não desistam! E saibam que estamos aqui para apoiá-los, sempre. O SESI e o SENAI são grandes, graças ao trabalho que vocês, professores, realizam! São vocês a água que move este grande moinho! São vocês que ensinam nossos alunos a tocar o pôr do sol.
Para terminar, deixo-lhes um convite. Continuem, com entusiasmo, este trabalho que torna a vida de seus alunos extraordinária! Que torna a vida de vocês todos extraordinária! Tenham muito orgulho de sua missão!
Meus agradecimentos sinceros e minhas saudações mais cordiais pelo Dia Do Professor.
Walter Vicioni Gonçalves
Diretor Regional do SENAI-SP e Superintendente do SESI-SP
15-10-2012
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